O prazer da matemática Qual o dom dos professores de matemática japoneses para cativar os alunos? O que os diferencia dos outros? Para responder a esta questão - quem nunca associou os asiáticos aos números, como se associa os europeus às letras? - falámos com um especialista internacional na matéria, Tad Watanabe.
Nascido no Japão, Watanabe, que dá aulas na universidade, nos EUA, tem escrito, precisamente, sobre esta matéria. "Aprendendo com o ensino japonês". Considera que, a haver segredo, algum segredo da parte dos mestres nipónicos, este reside na focalização das aulas num único problema matemático. Sem dispersões. Um de cada vez. Além disso, as soluções a que os jovens chegam nunca são desprezadas, ainda que redundem em erro, antes analisadas em público, de forma crítica e construtiva. Sem humilhações. Com o professor mesmo ao lado, acessível a todas as dúvidas.
Dando de barato as características anímicas dos japoneses, que tanto passam pela obediência como pela criatividade e pelo respeito geracional, esta acessibilidade é a grande diferença. Ou a capacidade dos docentes de, conhecendo-os, antecipar o pensamento dos seus educandos. Por miúdos: o que estarão eles a pensar? Que resposta irão dar?

Diário de Notícias
16.11.2007
188 palavras