Pode a ordem com que saímos do ventre materno influenciar a inteligência, o carácter e até o sucesso profissional? Um estudo reacende o debate Para quem vê o sucesso como o resultado do estudo e do trabalho talvez seja difícil compreender a relação que alguns investigadores dizem existir entre a inteligência e a ordem de nascimento. A evidência mais recente está num estudo realizado por cientistas noruegueses que concluem que os filhos primogénitos e aqueles que são educados como tal (devido à morte de um irmão mais velho) são mais inteligentes que os seus irmãos mais novos.
Pais esperam mais dos primogénitos
O interesse pela relação entre a ordem de nascimento e o desenvolvimento intelectual e outros factores, como o sucesso profissional, não é de agora. Já em 1874, o cientista britânico Francis Galton, considerado o pai da psicologia diferencial, assegurava que os homens que detinham cargos de maior relevância eram, com frequência, filhos primogénitos. Num outro estudo, publicado quase um século mais tarde (1973) na revista "Science", investigadores holandeses analisaram 400 compatriotas do século masculino e concluíram que os irmãos mais velhos eram mais inteligentes que os mais novos. Ao certo, o que estava por detrás dessas diferenças era então o grande mistério.
Os resultados do trabalho norueguês põem de parte a hipótese de ser a biologia pré-natal, ou seja, factores gestacionais, a explicar estas diferenças. Ao invés, sustentam que os níveis mais elevados de QI dos primogénitos (e dos que são tratados como tal) têm mais a ver com razões sociais dentro das dinâmicas familiares. A investigação destaca o papel das expectativas dos pais no desenvolvimento intelectual dos filhos. Do mais velho, os pais esperam que ajude a cuidar dos mais novos e auxilie nas tarefas domésticas, tarefas que contribuem para o reforço da sua responsabilidade, disciplina e liderança. São essas interacções familiares fomentadas pelos progenitores que ajudam a moldar o carácter do primogénito e a prepará-lo, desde cedo, para os desafios da idade adulta.
"O QI não mede nada"
Uma das suas principais críticas incide sobre o uso do QI como medida da inteligência de uma pessoa, um facto controverso desde os estudos sobre a Inteligência Emocional levados a cabo.

Expresso
10.12.2007
340 palavras