Despistou-se num ‘Audi 80', entrou pela casa de um homem e morreu "Estava a dormir tranquilamente quando ouvi um estrondo enorme. Acordei com a parede da casa a cair e pedras em cima de mim. Fugi pensando tratar-se de um tremor de terra, mas depois vi um carro a incendiar-se e percebi que tinha sido mais um acidente na zona. Foi o terceiro contra esta habitação". O relato foi feito pelo morador da casa que ontem foi invadida por um automóvel que se despistou no Algarve.
Com algumas escoriações na face e ainda incrédulo com o sucedido enquanto ia retirando os destroços, Manuel, de 50 anos, pasteleiro, descreveu o susto que apanhou pelas 04.20 de ontem, quando um Audi 80 se despistou à saída de Faro, na EN125, perto das pontes de Marchil, derrubou uma oliveira e colidiu violentamente contra a sua casa, situada no lado oposto da via.
O condutor e único ocupante do veículo com motor transformado de um Porsche, teve morte imediata. Tinha 26 anos e era proprietário de um café em Faro. O Audi 80, que seguia no sentido Faro-Loulé, ainda transpôs três vias de rodagem até embater contra uma árvore e a habitação, já antiga e constituída apenas por rés-do-chão.
O comandante dos Bombeiros Municipais de Faro garantiu estar-se perante um caso de "bastante velocidade excessiva", numa zona onde o limite é de 50 a 60 quilómetros por hora.
"Houve uma autêntica transgressão, tendo sido infringidas todas as normas de trânsito. A sorte foi não ter apanhado nenhum outro carro ou peão numa zona com trânsito muito intenso", sublinhou aquele responsável. E alertou: "Se a cama do homem que estava a dormir naquela casa estivesse mesmo junto à parede, a situação poderia ter sido muito pior".
A câmara de Faro já disponibilizou uma pensão ao inquilino da habitação sinistrada para dormir durante alguns dias. "Depois nem sei onde vou viver, pois não tenho família em Faro", observou Manuel, que mora naquela casa desde 1992.
Um dos residentes na zona referiu que "só neste ano já houve cerca de cem acidentes, muitos dos quais mortais, numa área com menos de um quilómetro". "Receio viver aqui. Há carros a embater contra muros de casas e outros a caírem na ribeira, numa zona propícia a altas velocidades e onde ninguém respeita os limites. Andar aqui a pé é um risco para qualquer pessoa, pois não há qualquer protecção nas bermas.

DN - Diário de Notícias
10.12.2007
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