Se vier, agora, um cego ao museu, ele vê o que nós vemos "Os museus têm um papel social e educacional muito forte, já não são sítios fechados. Daí a nossa preocupação em integrar as pessoas com necessidades especiais - cegos, amblíopes e com deficiência motora, nomeadamente pessoas com paralisia cerebral".
O projecto de acessibilidades resulta de dois anos de trabalho e "dedicação". Para a sua concretização, a fundação contou com a parceria da Fundação Portugal Telecom e com o apoio da Universidade de Letras do Porto, nomeadamente, através do trabalho de pós-graduação de Sónia Santos. Mesmo assim, foram muitas as dificuldades sentidas. "É um mundo diferente do nosso, por isso, foi complicado entrar nele. Não se fala para um idoso da mesma maneira que se fala para uma criança. Da mesma maneira que não se fala para um cego como se fala para um amblíope".
"Saber escrever para todos" foi uma das várias formações que o Serviço de Educação do Museu sentiu necessidade de desenvolver para a criação dos dossiers de cada tipo de deficiência. A par disto, o museu também proporcionou aos seus profissionais acções de formação na Associação dos Cegos de Portugal e na Portugal Telecom.
Este plano, que pretende eliminar barreiras, envolveu o trabalho de todos. "Até o empregado do restaurante teve que ter formação para saber como acolher pessoas com necessidades especiais".
Amélia Miranda dá o exemplo do dossier para amblíopes "A letra é verdana, de tamanho 24 e com ausência de cor, porque a cor introduz perturbações em quem vê mal". Até agora, as visitas foram apenas para testar as novas acessibilidades. "Foi tão gratificante ver o espanto e a alegria destas pessoas durante o trabalho de preparação. Até tivemos um cego a ensinar um amblíope a ver. É um motivo de diferenciação. É, acima de tudo, uma melhoria na qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais". Além do dossier específico para cada tipo de deficiência, o museu vai estar dotado com um guia em braille para os invisuais e amblíopes e outro para os acompanhantes. "A informação estará disponilizada em braille e em suporte digital". E, como não invisuais só em Portugal, o guia estará também disponibilizado na língua inglesa.
O museu "teve sempre como objectivo chegar a todo o tipo de públicos" e o projecto "Museu sem Barreiras" foi "mais um passo nessa direcção". Agora, pessoas com capacidades limitadas podem conhecer o museu de uma forma autónoma.

LERPARAVER
11.12.2007
394 palavras